domingo, 27 de setembro de 2015

WWOOF


Minha experiência na Eslovênia começou na região Leste do País, em uma Fazenda Orgânica chamada Kostanje, na cidadezinha de Sevnica (pronuncia-se "Sêunitza").

A ideia de fazer WWOOFing (World Work Oportunity in Organic Farms - Oportunidades de trabalho em Fazendas Orgânicas) surgiu de uma mistura de vontades:
- após passar por Berlim, Praga e Budapeste, meu HD estava cheio de informações e prestes a perder a capacidade de absorção de aprendizado, apesar de eu ser uma slow traveller, entao eu planejei um tempo pra parar e respirar com calma
- estar em contato com a natureza
- aprender mais sobre o cultivo de orgânicos
- vivenciar de uma maneira diferente - mais simples e intensa - a cultura do país
- economizar dinheiro, uma vez que a proposta do WWOOF é trocar trabalho por hospedagem, alimentação e aprendizado.

A Eslovenia tem aproximadamente 37 fazendas cadstradas no site wwoofindependents.org, onde eu tive que me inscrever, pagar uma taxa de US$ 23 para ter acesso aos perfis das fazendas e me candidatar ao trabalho. Entrei em contato com muitas fazendas e todas me aceitaram. Escolhi esta porque parecia ter a melhor paisagem para apreciar - o que era um dos meus objetivos na Eslovenia em geral.

Passei duas semanas lá, e foi uma experiência incrível!



O dia de trabalho começava por volta das 9h, e os planos não eram previamente definidos. Tudo dependia do clima e das necessidades do momento. Tive o dia da pera, o dia do tomate, dia do milho, da soja... mas o mais especial foi o dia da uva! Grape day, great day! O dia começou com a colheita das uvas. Tudo sempre com muitas risadas, não sei de onde encontrávamos tanto motivo pra rir! Depois de colher, Colocar na máquina especial para fazer o suco, que montamos mais cedo. E depois, beber o suco, celebrando o dia feliz e quente que tivemos. E bota quente nisso! Muito sol, parecia que eu estava no Brasil! Ah, e pra fechar o dia, um banho de mangueira durante a lavagem dos equipamentos caiu muito, muito bem!

Tilen e Borut, duas gerações da fazenda Kostanje no preparo do suco de uva

Uma dose celebrativa de suco de uva cheio de amor e risadas






Local onde as peras terminavam de amadurecer, porque elas caiam do pé mas ainda não estavam prontas

Soja
No tempo que eu estava na Kostanje, trabalhei diretamente com um alegre e inteligente rapaz dinamarques, que se tornou um amigo muito especial, um irmão do coração. Passamos muitos dias trabalhando juntos, às vezes sozinhos, conversando muito e um aprendendo sobre a cultura e os pensamentos do outro. Aprendi muito sobre a Dinamarca - uma das coisas é que não é verdade aquela história de que toda a produção agrícola do país é orgânica.

Trabalhamos muito na função de colher peras, separar as verdes, as maduras no ponto pra ir pro barril e virar licor pro ano que vem, e as que tinham fungos e precisavam ser isoladas e queimadas, evitando assim que contaminassem o solo e as árvores. Esta foi a tarefa que mais se repetiu no tempo que estivemos lá.
Essa história de separar peras, muitas delas com fungos, me possibilitou refletir muito sobre potencial, realização e desperdício. Escreverei sobre isso em outro post.

Peras e seus fungos que me permitiram pensar em educação e evolução pessoal

Um dia resolvi gravar uns vídeos pra enviar pra minha sobrinha Sofia e minha afilhada Lavínia, pra mostrar um pouco da experiência da tia/dinda como 'trabalhadora rural'. Vou compartilhar alguns assim que conseguir fazer o upload.










A fazenda Kostanje fica a 450m de altitude. É bom dizer que a Eslovenia tem uma geografia bem montanhosa, e quase não se tem relevo plano.
Com isso, sempre se tem visuais deslumbrantes! Imagina o que é, por exemplo, acordar com este visual!



E terminar com um por do sol destes! Acredite, ao vivo foi muito incrível! A câmera do celular é que não dá conta de tanta beleza...



Ali pelas imediações da fazenda, subindo mais uns 50m de altitude, encontramos ainda outras belas e simples paisagens.






E pra fechar esta postagem, homenageio este ser lindo, um bebê de 1 ano e meio, a cadela Odi, que sempre estava disposta a brincar, atrapalhar o nosso trabalho e trazer alegria pra labuta diária!




Sou muito grata por tudo o que vivi na fazenda Kostanje, com esta família acolhedora: Lucia, Borut, Tilen e sua namorada Marina, e a mãe do Borut, uma simpática senhorinha de 90 anos. Abraço pros outros WWOOFers Jame do Canadá e em especial o Mikkel, com quem convivi mais tempo.

Quando entrei no trem a caminho de Lubliana, o que me restou rofam lágrimas de gratidão. O trecho da musica de Mercedes Sosa, que diz: Gracias a la vida, que me ha dado tanto, mais uma vez ecoou durante muito tempo dentro de mim.

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